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domingo, 6 de novembro de 2016

REBOTALHO


A dor escreve poesia
melhor que a alegria?
Ou a passividade é que nos faz
em calmaria de dias covardes
que nem descem e nem saem
de cima
fazer a rima do tempo?
O amor escreve poesia
mais contundente
dessas que se balançam ao vento?
Ou é o coração demente de paixão
que só enxerga o que está amado
e se perde em tolos poemas
desarmados?
O poema é o inverso
ou o reflexo?
É a inquietude
ou o tormento?
É a tormenta
ou a consequência
da tempestade?
É o que não se pode dizer
no cara a cara
ou é o que arde?
É a escara da alma
que cansada se fere
ou é a bandagem?
É o que se corta em retalhos
ou o poema é só o rebotalho
o que sobrou de bagagem?
O joio separado
ou o preparado inferno?
O que externo
e não encalho
na areia do caos?
É o que veio de mais
e regurgito
e vomito
e não calo?
O poema é minha dor
com rascunho rasgado?
É o passado
a limpo
sem anestesia?
Ou é a doida mania
de jogar no ar
o que me entope e que me impede
de respirar?
[elza fraga]


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