QUEM VEM COMIGO

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A NOSSA ESPERA


Sabia que viria
pelas cortinas da janela
sempre abertas
vi seu sorriso
chegando na esquina

sabia que viria
não me deixei
tomar o desespero
nem o medo
nas noites vazias

só esperei
e tão longa foi a espera
que os anos passaram
como um vento na cancela
sobre tanto tempo insone

e na minha prece
murmurei seu nome
e na minha fome
foi ele meu pão
o santo da minha devoção

mas em verdade
a sua imagem
congelada na retina
me poupava da vida
me salvava da sina

me preservava menina
presa da esperança

mansa
sabia que um dia enfim
você viria de novo para mim
e tudo voltaria a ser o que era
em outras eras

e agora que dobra
a curva do caminho
alquebrado
talvez por tantos ninhos
tantos pousos que sentiu

seu coração

eu apenas estendo as mãos
e abro meus braços
prendo você
no mais doído abraço
e lhe mostro as setas

acerto seu peito
no meu peito
sua cabeça repousada
em minha testa
e cerro as cortinas

agora que é tudo festa
(ai quem me dera)
que nunca mais se abra
a porta
a cancela

a janela

o portão de ferro
a tramela

que só a eternidade
se abra

a nossa espera...

[elza fraga]

3 comentários:

  1. Que poesia mais lindaaaaaaaaa! Pai do céu! Que nao hajam mais cancelas, cadeados e tramelas te impedindo de ser feliz

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  2. Amei o quadrinho.Quisera os casais fossem sempre unidos assim

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  3. Quebrei todas as fechaduras pra que não se abram as portas, não quero a felicidade escapando pelas frestas. Só a eternidade se abrirá agora, e me recolherá como recolhe a pétala da flor que despencou... Terei outras chances de poetar, o infinito é imensamente aberto a propostas, rsrsrs

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Um doce pelo seu pensamento