QUEM VEM COMIGO

domingo, 13 de novembro de 2016

IN-TOXICADA


Só me restou seguir
não tinha seta de “retroceda por favor duas esquinas, dona menina,” e fui, e vou, e sigo, e consigo ser cada vez mais pior que fui, que sou, que vou conseguir ser talvez quem sabe ainda um dia na projeção de como poderia, num insucesso de mim, estar no fim, desorientada me tropeço pelos medos, as pedras do insólito caminho me cortam os dedos, uma a uma armadas, armadilhadas desde cedo, colocadas como espinhos, sei muito bem que só o seu carinho cura e conserta cada ralada melhor que o vinho, mas sei também que não se vende mais em nenhuma drogaria aberta nessa droga de vida hoje deserta, então nem me cuido injeto seringa cheia de ódio na veia, paliativo que finge adormecer a dor qual curativo, única droga que ainda me aquieta e deixa o sangue vivo, entre todas as drogas inconfessas, que a nossa história sem começo, sem fim, sem pé e sem cabeça, já é a minha droga predileta entre as agruras, que enfim, no fundo, tudo é mesmo droga que se mistura... droga de mundo droga de mim! [elza fraga]

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