QUEM VEM COMIGO
segunda-feira, 30 de abril de 2018
FOME
Você tem seus compromissos, eu tenho os meus, coisas do dia a dia, rotina roendo a vida com pressa, afazeres gritando venha agora, cobranças, urgências, preemências...
Mas naqueles momentos que - fingindo ser acaso - nos encontramos no mesmo espaço, deixo que minha mão roce a sua, timida de princípio, nos beijamos na face fingindo amizade, sei que seu peito bate tão forte quanto o meu, sei que meu rosto fica rubro como se novamente menina fosse, cheia de pudores e medos. Quando suas coxas, em ousadia explícita, tentam se misturar as minhas, me vem um calor de aconchego, uma vontade de esquecer o socialmente correto, e de abrigar seu peito no meu peito bem achatado, apertado, amassado, virar o rosto na hora do beijo na face, oferecer a boca que está esperando faz tanto tempo que anda salivando as palavras.
Depois deixar correr o vento, o tempo, as mãos nas reentrâncias do seu corpo.
Deixar correr solta a imaginação desenhando o pressuposto agora com a tinta do real.
E que a verdade nos carregue, nos cegue de paixão, nos envolva e nos gire na roda do incorreto, que o resto a gente ajeita com carinho pelas esquinas do acaso, se é que sobrarão restos para se ajeitar nesse mundão torto que a nossa cobiça anda inventando, sem palavras, nas horas em que roçamos nossos peitos em abraços de pretensa amizade.
E doído é compreender que a sua fome é do tamanho da minha, Doído é saber que não serei eu a dizer o primeiro “tô com fome de você”.
elza fraga
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posso cutucar a onça com vara curta? rs
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