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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

SE NÃO SOU POETA



Ora, se não sou poeta
o que sou eu,
o que sobraria
enfim
de meu?
A alma  respondeu:
Sobraria o que não
me ocupa espaço
não traz referencial
não liberta o pesadelo
não anestesia o medo
não vence o mal.
Sobraria
a corrida
endoidecida
pelos becos da vida,
tecendo enredos
cantando cantigas
fingindo,
péssima atriz,
ser o que não quis.
Talvez sobrasse ainda
uns restos da menina
que fui
e que recusou crescer
e no escuro me procura - tonta,
me sonda
querendo novamente ser.
Sobraria
um monte de vazio
que nunca conseguiria
preencher
e uma carcaça
(último bem que me ficou
de meu)
avisando
o quanto de nada
sou eu.

[elza fraga]

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