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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

MINTO PORQUE TE AMO


Minto porque te amo
e verdade dói como facada
na jugular.

Minto porque a realidade
é feia demais,

ninguém aguentaria
sem anestesia.

Minto não só porque
analgesia
e protege,

é porque teu coração
fraco,
rapaz,
não suportaria
minha história pregressa.

Minto porque a mentira
que possuo
é leve como a brisa calma,

e a verdade
ah, essa pesa e inquieta
até minha alma
que é feita
de couro curtido
do dragão
mascote de Átila,

e é sombria
como noite fria sem coberta.

E minto
até o fim

 pra te proteger de mim.

[elza fraga]

4 comentários:

  1. Não entendo essa sua frase. Por que alguém diria que quer proteger o outro de si mesmo. Eu te conheço, vc não é quem tenta passar. Você é a melhor pessoa do mundo.Alma inquieta e daí? Eu tb tenho a minha.

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  2. Gosto da sua poesia. Forte, Verdadeira. Retrata situações prováveis, não tem a utopia do bonitinho e lírico, Muitos olham a poesia como literatura pra meiguinhos, você veio para colocar a poesia no lugar dela. Poetas tentam isso faz tempo, pesam a mão, alguns acertam o alvo, outros quase....No seu caso a ferida é remexida, o ácido se mostra, a ternura fica meio sombreada, mas as cores sempre são fortes. Sua poesia é no vermelho quente, no azul petróleo, no amarelo do sol, nada de bege ou rosinha. Eu gosto muito desse seu jeito de fazer poesia pegando histórias, contando histórias. E eu também "minto até o fim" em causas justas. Chamaria esse poema de "poema do amor de verdade". Parabéns pelo poema, por todos os poemas. Ler você é bom porque remexe estruturas e desarruma o arrumadinho.

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  3. Amigo brisonmattos, temos todos almas inquietas. Mas não é a alma que escreve, é a mente. E a minha mente mente descaradamente, risos. Meus poemas, meus contos, meus pitacos, são exteriores. Coisinhas que caço em conversas, reclamação de amiga, delicadeza de amigo, consultório médico, fisioterapia, ótica, banco... Nossa! Como me fornece material bom esse povo diferenciado e apaixonante. Busco poesias em cada olho que capturo na rua, invento histórias pra cada pessoa que passa por mim. E assim seguem meus rabiscos. Tenho um poema que diz : Minha poesia não sou eu, e, depois de escrita, nem mais me pertence... É por aí, querido.E fico emocionada e agradecida pela sua visão generosa da poetinha meio maluca que vos responde daqui, hehe. Abração de luz e poesia.

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  4. Flavinha, amiga querida, você deu aula, não poderia esperar diferente da professora. Nem nas férias descansa, risos. Ainda bem que é da sociologia, fico mais prosa, mas não fez feio na interpretação do texto, hehe. Também gosto do que você escreve, desenha belamente palavras. Ainda farei um poema sobre sua trajetória e sua luta, sou fascinada por vida alheia, risos. Bitokitas, minha linda, muita luz no seu caminhar. Daqui pra frente, pra você, só sucesso e vitória!

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Um doce pelo seu pensamento