QUEM VEM COMIGO

sábado, 6 de outubro de 2012

METAMORFOSE


 
Imagem: Estátua de Hera, deusa da família.

Parti
de onde nunca
deveria ter saido,
fugindo de ti
fugi de mim.

O trem que apitara
longe
enfim chegara ali,
aprisionando,

levando
o resto
que sobrou
do meu festim.

Cheguei

nem Deus sabe
em que estação
saltei.

O trem seguiu
e eu fiquei
ser mais extático

como
pintura sem assinatura
em tela na parede
de casa inabitada

não movimentei
nenhuma engrenagem,

estacionei
pra toda a eternidade
numa prévia
do morrer.


Sabe a estátua
do olhar perdido
no meio da praça
que cruzas
altivo como um deus
ao entardecer?

Essa
sou eu.

[elza fraga]

2 comentários:

  1. tenho comigo que um nunca chegar me completa os fragmentos,


    beijo

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    Respostas
    1. Até os seus comentários me soam como poesia! Brigadim, amigo, pela presença.
      Apesar do luto pelo meu Rio de Janeiro que me faz, definitivamente, não mais querer ser estátua nesta cidade, após esta reeleição triste de domingo.
      Aqui quem não souber correr e nadar vai ficar na chuva ou a deriva, rsrs.
      Bitokitas de plena Luz e afeto.

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Um doce pelo seu pensamento