TEMPO IN-VERSO
sou de palavra pouca falo com olho economizo boca
QUEM VEM COMIGO
sábado, 31 de janeiro de 2009
COMO ACORDAR AS ESTRELAS
...
Um céu enluarado
a mansidão do vento
dobrando uma esquina
a pausa do tempo
parado, esperando,
a espreita da noite,
tentando contê-la.
Só minha dor
rasgada num grito
consegue
acordar
as estrelas.
(Elza Fraga)
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
PREMATURA
Nasci numa quarta feira
de agosto,
numa madrugada chuventa
de desgosto
Minha mãe deve, no susto
da dor inesperada,
ter gritado
ah, fila da puta
isso é hora de querer ver vida?
E eu, já na portinha de saida,
me esbaldando de rir
da sacanagem...
Foi a minha primeira
grande arte!
(Elza Fraga)
...
domingo, 25 de janeiro de 2009
VERSOS SEM LEI
Meu verso nunca segue as leis
que regem a poesia.
A minha poesia é livre
e inversa a razão...
Não se pode fazer poesia
obedecendo regras...
O poema é folha
balançada ao vento,
que oscila por só um momento,
rápido,
e cai, estático,
pousado na minha mão...
(Elza Fraga)
...
sábado, 17 de janeiro de 2009
THE END
...
Salvo engano
só assisti
a se desenrolar
a vida
bem na minha frente.
Não vivi.
Sentei de platéia
e me esqueci
ali,
no fundo do cinema,
para todo o sempre.
Como um filme
onde omiti
as cenas deprimentes
E nem dei pinta
de artista principal
Figurante de quinta
só quem fez igual
entende
No final
nem nome nos créditos
apenas o the end
(Elza Fraga)
SEM SAIDA
...
Saber que a vida passa
e você fica
como sombra inimiga
a me vigiar passo por passo,
com a mesma calma
que um gato usa
a espreitar o rato
Me dá gastura
na boca da alma
(Elza Fraga)
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
MAIS NADA
Pelos. Poros. Sal e cheiros
se roçando no meu corpo,
me preenchendo este oco
guardado bem lá no centro
do meu templo!
Suor. Cigarro. Cachaça.
Minha fé. Meu alimento
Cio de égua danada
que voa aromas no vento
Mais nada!
(Elza Fraga)
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
TRICÔ
A moça na janela,
o jarro sem flor,
cortina rasgada,
vida destroçada,
sem graça, sem praça,
sem riso,
sem dor.
Sobrou:
Cotovelo poído.
Cabelo sem cor.
Novelo de linha.
Tricô
(Elza Fraga)
PODA
...
Doa a quem doer
corto fundo
sei dar talhos
ficam retalhos
de pele,
de pelos,
sangrentas sobras
de passado
marcado
nos vincos da face
que de profundos
cabem mundos
(Elza Fraga)
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