QUEM VEM COMIGO
domingo, 20 de agosto de 2017
FIM DE FESTA
Do que me restou
fiz um tecido
e com ele costurei
o meu vestido
para o baile que a vida convidou.
Peguei estrelas, pedaços de mar,
pores de sol, flores de jardins,
montanhas com nuvens de coberta,
separei e guardei
muito musgo verde,
muita hera,
e fiz da festa da vida
a minha própria festa.
E dancei, girei valsas, pés de ponta
cabeça erguida apesar de tonta.
Agora com as luzes apagadas
e os restos espalhados pelo chão,
o vestido aos frangalhos,
a alma nua,
levanto do solo só o coração,
e guardo de recordação
d'um tempo que a vida, amiga,
comigo dançava
sob a lua.
[elza fraga]
Em textos pra morar nas gavetas.
Imagem retirada da internet.
domingo, 13 de agosto de 2017
PRECISO DE UM POEMA
Hoje necessito da poesia
como preciso do cheiro do mato,
como muleta, como luz,
como amuleto,
como cruz que arrasto
com meu peso
travando os passos,
como sol a aquecer o dia,
preciso da alegria
mesmo fugidia,
mesmo sem tê-la,
como preciso voar,
ganhar o espaço,
e escrever meus versos
nas estrelas.
Hoje que se faça o poema
do que sobrou de mim
dos cacos
que nem foram recolhidos
ainda
que a vida escoa pelas
minhas veias,
e já sinto que tudo que me era,
Finda!
[elza fraga]
Em dia de profunda tristeza porque bater em mim, vida, pode, eu aguento, mas nos meus afetos não que aí já é covardia.
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